Coronavirus crise 2020

Coronavirus 2020

Será que essa crise será tão grande como a de 2008? Aqui a resposta claramente é que não sabemos. Ainda é muito cedo para estimar as consequências a longo prazo da situação atual. Há, naturalmente, semelhanças com 2008. Os mercados são atualmente dominados pelo pânico. Especialmente as ações estão em queda. Mas há uma grande diferença entre 2008 e 2020. A crise financeira veio de cima, dos mercados financeiros. Não foi um vírus, mas uma espécie de acidente isquémico que levou o sistema à beira do abismo – o que teve um impacto na economia real. Desta vez é o contrário. O vírus atinge a economia real, os mercados financeiros vão atrás. Uma retração parece inevitável. Quão ruim isso será? É impossível dizer no momento.

O coronavírus, apesar de ser o grande culpado, não é a única razão para o que está acontecendo. Nessa confusão geral, tem também a luta russa e saudita, além de outros produtores de petróleo para suportar o preço do petróleo. Tem uma guerra aberta contra o petróleo no mercado livre. Um jogo arriscado, mas o momento é escolhido de forma inteligente, pois o maior exportador para a China, a Arábia Saudita foi muita atingida pela COVID-19. E os baixos preços do petróleo colocam o setor de xisto dos EUA sob forte pressão. O petróleo barato deve ajudar a economia global e o mercado financeiro a se recuperar, quando a situação do coronavírus estiver sob controle.

Outros desenvolvimentos financeiros

O ouro subiu muito nos últimos dois meses e isso permite aos investidores terem boa proteção. Desde o início de março, o preço subiu mais de oito porcento. No euro, um novo recorde histórico de mais de mil e quinhentos euros por onça de ouro já foi atingido, desde então o preço do ouro voltou a cair, principalmente devido à força crescente do euro em relação ao dólar.

Os títulos de dívida são muito vendidos em períodos desses. Especialmente os dos estados considerados seguros. Isso diminui as taxas de juros que os governos têm de pagar por suas dívidas – e faz subir os preços dos títulos do governo no mercado. Para grandes investidores, os títulos são contas de poupança. O dinheiro está escondido para protegê-lo do crash do mercado acionário. Num contexto desses, a decisão austríaca de guardar mais de duzentos e cinquentas bilhões de euros em cadernetas de poupança parece muito sensata. E, a curto prazo, certamente que sim. A longo prazo, as coisas parecem diferentes. Mas ainda há tempo suficiente para perceber o que está acontecendo.

A moeda criptográfica Bitcoin entrou em colapso, quase 20% nos primeiros dias de março. É um investimento de alto risco, mas isso não vai impedir que ninguém que esteja convencido da Bitcoin no longo prazo. Contudo, não parece tão seguro assim.

Os governos e os bancos centrais também precisam tomar muitas pedidas para contrapor a situação atual. Além das medidas de quarentena e segurança nas fronteiras, veremos muitas ações governamentais nas próximas semanas e meses. A política de crise nunca parou depois de 2008 e agora algumas engrenagens estão sendo mudadas. Os primeiros passos serão a diminuição de impostos e pacotes de estímulo econômico para apoiar as empresas e as famílias, além de todo o mercado financeiro. É aí que os bancos centrais têm uma palavra a dizer. Desde a última crise que muitos esforços financeiros foram projetados e agora eles podem ser aplicados. Por exemplo, cada cidadão pode recebe dinheiro, como está acontecendo em alguns países, às intervenções de mercado de grande escala, incluindo diretamente na bolsa de valores, como o Japão. Uma coisa parece cada vez mais clara; é que os juros permanecerão muito baixos por muito tempo e os bancos centrais farão de tudo para evitar que a economia mergulhe em uma depressão econômica provocada pela COVID-19.

Maiores riscos

O maior risco atualmente é a perda de segurança e aumento de volatilidade no mercado financeiro, que tornam os preços de investimentos mais arriscados, como as ações, que estavam há dois meses registrando recordes. Uma reação impulsiva é agora expetável. Atualmente vemos potencial em títulos de dívida europeus com altas classificações de crédito e em títulos do governo americano. Estamos menos otimistas em relação às ações europeias e americanas e somos neutros em relação às ações dos mercados emergentes. Mas as quedas de preços também são oportunidades interessantes para entrar no mercado. Quando o pico da epidemia tiver ficado para trás, os estoques cíclicos na Europa podem beneficiar de uma recuperação. Além disso, ações de mercados emergentes com forte vínculo, com seus respetivos mercados domésticos, moedas de mercados emergentes, setores individuais do mercado obrigacionista, em especial títulos públicos com juros mais altos de mercados emergentes e da Itália, e títulos corporativos, em especial emissores com elevados prêmios de risco, apesar dos bons dados gerais. Uma escolha criteriosa é muito importante nesta fase. Segundo aquilo que conseguimos identificar, a liquidez também é muitíssimo relevante, e não apenas como uma medida defensiva. Assim que a situação se estabilizar, acreditamos que os investidores podem usar a liquidez para reinvestir em segmentos mais atrativos no mercado financeiro.

O que o futuro guarda?

Nas próximas semanas, poderemos ver medidas governamentais sem quaisquer precedentes históricos. Esperamos que sejam introduzidos cortes nos impostos e pacotes de estímulo econômico para apoiar as famílias e empresas. Além disso, e repetindo aquilo que já dissemos acima, os bancos centrais vão ter de despejar dinheiro na economia real, para que haja um aumento da procura, e uma estimulação da oferta, com intervenções fortes no mercado financeiro. E,  com as taxas de juros baixas, os aforradores devem encarar todo esse período convulso como uma oportunidade para um investimento lucrativo, devem seguir sendo criativos e os mutualistas de empréstimos podem esperar financiamento favorável.

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